sexta-feira, 6 de março de 2009

A SAUDADE E A JUVENTUDE

Aos meus amigos e a quem se reveja nas saudades.
.
SAUDADES D'ALDEIA
.
Se montes e veredas falassem
talvez em coro cantassem
o que corria aquela mocidade,
mas o Tempo, do jovem é inimigo,
faz das recordações um castigo
p'ra quem se esmerou em liberdade.
.
Reinava a paixão perfeita,
porque ao tempo a moça, interdita,
calava, corava e sempre negava
naquilo que ambos sonhavam,
com olhares denunciantes namoravam,
sob o medo da censura que espreitava.
.
Rodopiava num qualquer salão,
acertando o passo p'lo acordeão,
bailando p'la madrugada fora.
Foi um sonho que acabou,
p'ra quem não mais dançou
lá onde a saudade mora.
.
Sempre vivo nos passos de dança,
quem corre por gosto não cansa
e leva a folia p'ra além do mundo.
Quantas "meias-solas" se gastaram,
nessas noites que não voltaram,
e que a saudade cala, bem fundo.
.
Contava as horas p'las estrelas,
quando já o Chico das ovelhas,
madrugava, a anunciar o dia,
mais um baile findava, que pena!
A noite parecia tão pequena,
que já a Alva, atrás do monte nascia.
.
Quem não se recorda da Joana,
da Florinda, da Amélia, da Ana,
do Bruno que só tinha olhos p'ra Maria.
Dos ciumes da Rosa e da Joaquina,
do Manel que bailava com a prima,
enquanto a Rita de amor sofria.
.
E tudo esse tempo levou,
e aquele jovem jamais voltou
à ribeira que o viu crescer.
Deixou a aldeia por obrigação,
mas guardará, sempre, no coração,
a terra que o viu nascer.
.
J. Faustino, Setembro de 2003.

1 comentário:

  1. Olá caro amigo.

    A minha aldeia é Lisboa, e o meu quintal é o tejo. As lembranças e saudades são diferentes mas com a mesma intensidade.

    Gostei da imagem que fica após a leitura do teu poema. Parabéns.

    Abraço
    Mário L. Soares

    ResponderEliminar