quinta-feira, 19 de março de 2009

A LUZ E AS TREVAS

(DIVAGAÇÕES)
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O que somos sem Ela?
Simples toupeiras? Minhocas?
Morcegos que bem utilizam
As particulas que os cientistas
ainda tentam descobrir?
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Porque procuramos a Estrela
Como láparos a sair das tocas
Quando as trevas já avisam
Que se ensombram nossas vistas
E que o Ocaso vai encobrir?
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Que pensamentos te revela
Quando no silêncio te enfocas
Sob as forças que polarizam,
indicando o rumo e as pistas
que de lá te fazem emergir?
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Quem me responde?
Na longa noite em que o cosmos vive
seremos apenas meros focos de luz?
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José Faustino

sexta-feira, 6 de março de 2009

A SAUDADE E A JUVENTUDE

Aos meus amigos e a quem se reveja nas saudades.
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SAUDADES D'ALDEIA
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Se montes e veredas falassem
talvez em coro cantassem
o que corria aquela mocidade,
mas o Tempo, do jovem é inimigo,
faz das recordações um castigo
p'ra quem se esmerou em liberdade.
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Reinava a paixão perfeita,
porque ao tempo a moça, interdita,
calava, corava e sempre negava
naquilo que ambos sonhavam,
com olhares denunciantes namoravam,
sob o medo da censura que espreitava.
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Rodopiava num qualquer salão,
acertando o passo p'lo acordeão,
bailando p'la madrugada fora.
Foi um sonho que acabou,
p'ra quem não mais dançou
lá onde a saudade mora.
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Sempre vivo nos passos de dança,
quem corre por gosto não cansa
e leva a folia p'ra além do mundo.
Quantas "meias-solas" se gastaram,
nessas noites que não voltaram,
e que a saudade cala, bem fundo.
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Contava as horas p'las estrelas,
quando já o Chico das ovelhas,
madrugava, a anunciar o dia,
mais um baile findava, que pena!
A noite parecia tão pequena,
que já a Alva, atrás do monte nascia.
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Quem não se recorda da Joana,
da Florinda, da Amélia, da Ana,
do Bruno que só tinha olhos p'ra Maria.
Dos ciumes da Rosa e da Joaquina,
do Manel que bailava com a prima,
enquanto a Rita de amor sofria.
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E tudo esse tempo levou,
e aquele jovem jamais voltou
à ribeira que o viu crescer.
Deixou a aldeia por obrigação,
mas guardará, sempre, no coração,
a terra que o viu nascer.
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J. Faustino, Setembro de 2003.

Saudades da aldeia e da infância

. A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou; Mas hoje, vendo o que sou é nada, Quero ir buscar quem fui onde ficou. .
Fernando Pessoa