sábado, 18 de abril de 2020

O CÂNTICO DAS PÉTALAS




O cântico das pétalas 

Desfolhei umas pétalas 
vermelhas como sangue
sobre pano branco e elas
sugeriram o teu nome.

Cores vermelha e branca 
anunciavam tempo quente 
dando voz a quem canta
aquilo que tem em mente.

O tempo ouviu, ouviu
A Primavera se abria
o cântico fluiu, fluiu
Bradando todo o dia.

Óh vermelho de veludo 
símbolo de lendas amadas
brilham olhos brilha tudo 
brilham as faces rosadas.

As pétalas ali espalmadas
escrita como em papel
emitiam canções faladas
como se a voz fosse real.

Então a minha “cantoteca”
baú da minha memória 
formou-se em videoteca 
cantando à tua glória.

As pétalas assim disseram
guarda as tuas recordações 
lembra que elas revelaram
as cores das tuas paixões.

E a canção à rua saiu
com o romance aliado
foi um amor que se abriu
trauteando o meu fado.

17/4/2020.
José Faustino

DA INDIFERENÇA AO PAVOR





Da indiferença ao pavor


Num ápice, duplicavam-se as notícias

Uma gripe normal, qual ausência de medo.

Os alertas pareciam notas fictícias

Pelos cafés ainda corria outro enredo.



Em poucos dias agitavam-se as milícias

Comentava-se, mas como se em segredo

Aos poucos as vozes revelavam-se propícias

A tirar o povo do seu indiferente sossego




Os média multiplicavam os receios

Da peste corona que se multiplicou

Então já se gritava pela falta de meios




E chegou o momento, onde tudo faltou

A dúvida apagava-se, subiam os receios,

Desertas as ruas, pavor ao vírus se instalou.



17/3/2020


José Faustino